Thursday, August 11, 2005

Entrevista a José Ferreira Machado: "Resolver o défice é resolver o problema do Estado na economia"

 Portugal poderá tornar-se o Alabama, se uma reforma de mentalidades, a par
 da Constituição, não se verificar.                                        
                                                                           
 José António Machado, director da Faculdade de Economia da Universidade   
 Nova de Lisboa, acredita que o Estado está demasiado presente na economia 
 portuguesa. Não havendo “varinhas mágicas ou bolas de cristal” que        
 condicionem e prevejam o futuro, “a solução mais sensata é libertar a     
 economia” e devolver a “iniciativa, à iniciativa privada”. Assim, o       
 professor universitário defende que se criem oportunidades e se dêem      
 incentivos para que as ‘coisas’ funcionem. É a resposta liberal do líder  
 de uma das principais escolas de economia do país.                        
                                                                           
 Qual o principal problema da economia portuguesa?                         
 O principal problema é a Constituição [da República Portuguesa]. A        
 Constituição é um obstáculo a tudo o que é necessário a fazer na economia.
 O covil do monstro [da despesa pública] é a Constituição.                 
                                                                           
 Esta não é uma visão ‘legalista’, para quem é director de uma faculdade de
 economia?                                                                 
 Focar na Constituição é focar no cerne dos nossos problemas. A maior parte
 das reformas que é preciso fazer são anticonstitucionais. Quando as       
 pessoas tiverem dispostas a mudar este aspecto, estão dispostas a mudar   
 muito mais.                                                               
                                                                           
 As pessoas estarão dispostas a fazer essa mudança constitucional?         
 Provavelmente não estão. Mas a realidade vai se encarregar de as fazer    
 aceitar. As pessoas na Argentina também achavam que tinham direitos       
 adquiridos… Eu ao dizer que o problema está na Constituição estou a ser   
 provocador. Provavelmente pensava que eu iria dizer que o problema era o  
 défice. Mas é claro que o défice não se resolve assim: congelando os      
 salários da função pública. Resolver o problema orçamental é resolver o   
 problema do Estado na economia.                                           
                                                                           
 Como vê a saída do professor Campos e Cunha?                              
 Quando li o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) lembrei-me       
 daquelas cargas da cavalaria ligeira em que o capitão vai à frente e olha 
 para trás e o resto da cavalaria não o acompanha. O PEC era o programa do 
 ministro das Finanças. Não se consegue resolver o problema da despesa     
 pública se se achar que o controlo dos gastos é somente da                
 responsabilidade do ministro das Finanças. É da responsabilidade do       
 Governo e neste sentido não há vida para além do défice.                  
 Muitos governos têm esta tentação: acham que escolhendo um académico      
 reputado com fama de duro resolve o problema. Isto não dá resultado, nem  
 vai dar.                                                                  
                                                                           
 Porque é que Portugal não cresce?                                         
 Se nós virmos o século XX, Portugal foi o país que mais cresceu no mundo. 
 Estamos agora numa área onde os nossos parceiros estão a crescer mais.    
 Portugal vai com certeza crescer em termos absolutos. Mas há muitos que   
 vão melhorar mais depressa que nós e por isso vamos ficar com a sensação  
 que ficamos para trás. Eu comparo isto com o Alabama. A maior parte das   
 pessoas do mundo gostaria de viver nesse Estado norte-americano face aos  
 países onde estão. Mas o Alabama é o pior Estado dos EUA. Não é mau viver 
 nesse Estado, excepto se se considera a possibilidade de viver em qualquer
 outro.                                                                    
                                                                           
 Mas porque não crescemos mais do que os nossos parceiros?                 
 Tem haver com os fundamentos do crescimento: a educação da força de       
 trabalho; o mau funcionamento da justiça, e um mercado de trabalho        
 extremamente pouco flexível.                                              
 A mesma taxa de desemprego esconde fluxos muito diferentes de entrada e   
 saída no mercado de trabalho. E esses fluxos é que são importantes uma vez
 que têm a haver com a rapidez com que os recursos se adaptam à realidade, 
 com os enlaces que se estabelecem.                                        
 A chave da produtividade é um bom enlace: ter os trabalhadores certos na  
 empresa certa. Actualmente a mobilidade no mercado de trabalho não existe.
 Depois há pequenas coisas. Um desrespeito latente e permanente à ordem... 
 O estacionamento é disso exemplo.                                         
                                                                           
 Associado a um aumento consumo não está um sacrifício maior do futuro?    
 Se os créditos estão associados a julgamentos de mercado esse problema não
 existe. Como é necessário servir a dívida, esses empréstimos têm de ter   
 uma rendibilidade superior à taxa de juro de mercado. Embora, é óbvio que 
 há riscos.                                                                
 O crédito é uma coisa boa. É uma das maiores invenções da humanidade.     
 Permite suavizar padrões de consumo, transferir rendimentos para períodos 
 diferentes no tempo. Se não houvesse crédito não haveria investimento e o 
 bem-estar das famílias seria muito menor. A demonização do crédito é algo 
 que não partilho.                                                         
                                                                           
 E as importações? São algo ‘demoníaco’?                                   
 As importações são uma coisa excelente também. São também uma grande      
 invenção da humanidade. Eu consumo o que importo. O meu bem-estar depende 
 daquilo que importo. Claro que eu preciso de pagar as importações, por    
 isso tenho de exportar.                                                   
 As importações aumentam o que tenho disponível para consumir. Pior não    
 posso ficar. Se alguém me dissesse que eu poderia importar sem produzir e 
 sem exportar, isso era o nirvana.                                         
 “O investimento público só faz sentido no longo prazo, se atacar os       
 fundamentos do crescimento económico”                                     
                                                                           
 Tem-se falado muito na questão do investimento público para dinamizar a   
 economia. Faz sentido esta abordagem?                                     
 O investimento público ou faz sentido no longo prazo, ou então não faz    
 sentido nenhum.
 Se queremos dinamizar a economia vamos então pôr-nos na   
 lógica keynesiana de abrir e tapar buracos. Isso gera emprego, como alguém
 já afirmou, na Ucrânia ou em Cabo Verde.                                  
 O investimento só faz sentido no longo prazo, se atacar os fundamentos do 
 crescimento económico. Devo confessar que este tipo de argumentos já os   
 achava ultrapassados.                                          
 E numa perspectiva de longo-prazo, fazem estes investimentos sentido. O   
 estudo do professor Marvão Pereira tem sido apresentado pelo ministro     
 Manuel Pinho para credibilizar estes projectos e justificar a sua         
 rendibilidade.                                                            
 Quem cita esse estudo ou não o leu, ou não o entendeu. O trabalho é um    
 estudo agregado: ou seja não permite dizer se é este ou aquele projecto   
 que tem rendibilidade. Desde que se gaste um determinado montante, o      
 estudo dará sempre o mesmo resultado quer seja a Ota, quer seja a abertura
 de estradas na minha serra.                                 
 Além disso, o estudo mostra a rendibilidade que existiu dada o ponto de   
 partida em que a economia portuguesa estava. É como querer usar a taxa de 
 crescimento de um miúdo desde que nasce até aos sete anos, para estimar a 
 altura na idade adulta. Ter citado este artigo para justificar este nível 
 de investimentos revela bem a falta de argumentos. É um argumento         
 desesperado.                                                              
                                                                           
 Portugal está centrado no problema e não nas soluções?                    
 Exacto. Quais são as alternativas que estão sobre a mesa? Eu não vi a     
 lista de alternativas e a sua hierarquização. Não sendo especialista de   
 transportes eu não sei qual a melhor opção, mas sei que a metodologia     
 utilizada para a opção destas infra-estruturas deixa-me um pouco          
 desconfortável.                                                           
                                                                           
 Perfil: Um economista liberal                                             
 Foi eleito director da Faculdade de Economia da Universidade Nova de      
 Lisboa, depois da saída de Luís Campos e Cunha para o Ministério das      
 Finanças. Prestigiado econometrista e especialista em economia do         
 trabalho, Ferreira Machado obteve o Mestrado e o Doutoramento em Economia 
 na Universidade de Illinois, em Urbana-Champaign, nos EUA.                
 Em paralelo com a sua carreira académica, José Ferreira Machado é         
 consultor do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal desde
 1992.                                                                     
                                                                           
 Por: Filipe Charters de Azevedo                                                
                                                                           

Wednesday, August 03, 2005

Horas de trabalho

Hoje vim trabalhar, para o meu trabalho de consultor às 9h00. Fui o segundo. O terceiro e o quarto chegaram pouco depois. Esses 3 (além de mim) que chegaram mais cedo são os 3 elementos mais novos da equipa. Porque será? Será da inexperiencia? Será que querem mudar algo? Ou não será nada?
São agora 9h22. Já chegaram mais 4 pessoas, mas ainda não começaram a fazer nada. Porque será? Porque será que estou a escrever isto?

Autobiography in five Chapters

1
I walk down the street.
There is deep hole in the pavement.
I fall in.
I am lost… I am hopeless.
It isn’t my fault.
It takes forever to find a way out.
2
I walk down the same street.
There is deep hole in the pavement.
I pretend I don’t see it.
I fall in again.
I can’t believe I’m in the same place.
But it isn’t my fault.
It still takes a long time to get out.
3
I walk down the same street.
There is a deep hole in the pavement.
I see it is there. I still fall in … It’s a habit.
My eyes are open.
I Know where I am.
It’s MY fault.
I get out immediately.
4
I walk down the same street.
There is a deep hole in the pavement.
I walk around it.
5
I walk down another street.

Nyoshul Khenpo

Tuesday, August 02, 2005

The most beautiful girl in the world


Fui ao Google/ Images e escrevi "The most beautiful girl in the world". A Primeira imagem que apareceu foi esta. A modelo brasileira Giselle B. Esta é a escolha de hoje, mas amanhã poderá ser outra. Lembrem-se quão curta é a memória humana.